quando olhamos para a história da arte no Brasil, é impossível ignorar o impacto de “Maria, Maria”, o primeiro espetáculo do Grupo Corpo, que estreou em 1976. Este ano de 2025 marca quase 50 anos da criação dessa obra emblemática, que permanece como um tributo à mulher brasileira, simbolizando sua força, resiliência e poder de transformação. O espetáculo, que foi coreografado pelo argentino Oscar Araiz, com música de Milton Nascimento e roteiro de Fernando Brant, é uma verdadeira fusão da cultura brasileira com influências internacionais, e ainda ressoa como um marco da dança mundial.
O espetáculo não apenas colocou o Grupo Corpo no mapa global da dança, mas também popularizou a dança contemporânea no Brasil, ampliando as fronteiras da arte no país. Por 10 anos, “Maria, Maria” viajou por 14 países, encantando plateias com sua narrativa visceral. Só na França, foram mais de 40 dias em cartaz, mostrando que a história dessa mulher batalhadora, inspirada por uma figura real que vivia à beira dos trilhos em Diamantina, Minas Gerais, tem um apelo universal.
A música “Maria, Maria”, regravada mais de 144 vezes, nasceu como uma melodia vocal sem letra, até que Fernando Brant, inspirado pela luta dessa mulher que insistia na educação dos filhos mesmo em meio à adversidade, escreveu uma letra que se tornou um hino à resistência feminina. É uma canção que fala de dor, sacrifício, mas também de esperança e determinação. Como Helena Katz escreveu:
Maria, Maria, é o som, é a cor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que ri quando deve chorar
E não vive, apenas aguenta…
Fernando Brant / Milton Silva Campos Nascimento
“Quando se vê o Grupo Corpo dançando, é como se as questões do trânsito entre a natureza e a cultura estivessem sendo bem respondidas”.
“Maria, Maria” é mais do que uma peça de dança; é uma celebração da alma feminina brasileira, da sua luta silenciosa e, ao mesmo tempo, triunfante. A obra reflete a combinação entre o popular e o erudito, entre o Brasil de ontem e o de hoje, e mostra como a arte pode ser uma ponte entre essas realidades. Ao lembrar esse marco da nossa cultura, celebramos também a história de tantas “Marias” que continuam a lutar por um futuro melhor.
Neste ano em que “Endora, Novas Memórias” celebra 30 anos, é importante olhar para trás e reconhecer a força transformadora de obras como “Maria, Maria”. Elas nos mostram que a luta por uma vida melhor, muitas vezes travada em silêncio, pode se transformar em algo eterno, em um hino que continuará ecoando nas memórias e nos corações de todos nós.
O legado de “Maria, Maria” continua vivo, e seu impacto se espalha, assim como as histórias que contamos e recontamos, reforçando o poder da arte em transformar a sociedade e nossas próprias vidas.
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